Desde o final de 2016, o Brasil assiste uma consistente queda na taxa de juros que, em agosto atingiu 2%, o menor percentual da história. O novo patamar da taxa Selic vem alterando o caminho para as melhores formas de investir no país. Em vez de aplicar no banco, poupadores e empresas buscaram novos destinos para aportar seus recursos em busca de melhores retornos. É o que explica um aumento expressivo no número de corretoras e de investidores no mercado financeiro brasileiro.
A maior busca para investir em ações e outros ativos de risco é compreensível e saudável. A solidez e o aumento de investimentos na B3, principalmente de pessoas físicas, demonstram o fortalecimento da nossa economia e refletem a legítima busca dos investidores - de todos os tamanhos - por melhores retornos na aplicação de seus recursos.
Mas será a B3, o Tesouro Direto e o pacote de fundos e opções ofertadas pelas corretoras os únicos caminhos de “bom investimento” neste cenário de juros baixos? Definitivamente, não.
Novos horizontes de negócios: tornar-se sócio ou parceiro de empresas
Assim como o aumento de investimentos no mercado de ações, os juros baixos também estão abrindo novos horizontes de negócios e oportunidade para ampliar e diversificar o destino dos seus recursos.
Exemplo é o investimento em empresas, tornar-se sócio ou parceiro estratégico de um negócio. Tenho acompanhado o crescimento, mesmo tímido, de investidores aportando recursos em negócios que existem, maduros ou não, pensando em crescer de tamanho ou até mesmo querendo trocar o custo do dinheiro tomado no passado para financiar operações por um custo mais baixo.
Oportunidades que se apresentam, principalmente, em pequenas e médias empresas, de diferentes segmentos. São boas chances tanto para pessoas físicas realizarem investimentos, quanto para empresas diversificarem seus negócios apostando em outras companhias, seja de maneira direta ou por meio de fundos para negócios mais estruturados.
Esse movimento já está consolidado lá fora. Com as taxas de juros baixas e, recentemente até negativas em alguns mercados, o investimento direto em negócios se apresenta como uma opção financeira mais viável para se obter algum retorno maior que somente a taxa de juros existente.
É o que fazem empresas de todo tamanho. A Petrobras, por exemplo, tem em sua carteira, investimentos em outras grandes companhias, como Vale, Eletrobrás, dentre alguns outros. Vó Alzira, fabricante de bolo, acelerou sua expansão e hoje já oferece franquias em todo o país depois que recebeu aporte de um fundo de investimentos. Pessoas físicas têm atuado como investidores-anjo em startups ou empresas de pequeno porte, com o mínimo de gestão, em busca de retornos a médio e longo prazo, maiores que os 2% ofertados por bancos.
A queda na Selic ainda não teve impacto significativo para tornar o crédito mais barato. O custo para aquisição de recursos, via bancos, ainda é muito alto, e não são todas as empresas que têm fôlego, tamanho ou perfil para fazer uma IPO (oferta pública de ações) e entrar na B3. Nem por isso deixam de precisar de aportes para expandir seus negócios e de ser excelentes opções de investimento.
É claro que investir em empresas, assim como apostar na Bolsa ou em fundos, exige preparação e avaliação. A mesma regra vale para o dono do negócio. Entender o mercado, concorrentes, oportunidades e tendências; e saber mais sobre fluxo de caixa, gestão de sua operação e estrutura de custos são algumas das variáveis que devem estar no radar de qualquer investidor e fazer parte do dever de casa dos empreendedores. Estamos passando por grandes transformações nas relações socioeconômicas, inclusive na forma de investir e de fazer crescer os negócios. Novos tempos exigem novas práticas.
Comments